Esse blog é sobre a história da minha família, o meu objetivo é desvendar as origens dela através de um levantamento sistemático dos meus antepassados, locais onde nasceram e viveram e seus relacionamentos inter-familiares. Até agora sei que pertenço as seguintes famílias (nomes que por vezes são escritos de forma diferente): Ramos, Oliveira, Gordiano, Cedraz, Cunha, Carvalho, Araújo, Nunes, Almeida, Gonçalves, Senna, Sena, Sousa, Pinto, Silva, Carneiro, Ferreira, Santos, Lima, Correia, Mascarenhas, Pereira, Rodrigues, Calixto, Maya, Motta…


Alguns sobrenomes religiosos que foram usados por algumas das mulheres da minha família: Jesus, Espirito-Santo...


Caso alguém tenha alguma informação, fotos, documentos antigos relacionado a família é só entrar em contato comigo.


Além desse blog também montei uma árvore genealógica, mas essa só pode ser vista por pessoas que façam parte dela. Se você faz, e gostaria de ter acesso a ela, entre em contato comigo.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Quanto custava um escravo em Conceição do Coité?

 

Aos três dias de janeiro de 1870 compareceram ao cartório a senhora D. Maria da Purificação e o Sr. José da Cunha Araujo. Eles objetivavam registrar a escritura de compra evenda do escravo Eduardo, cabra, com 26 anos de idade, vendido pelo preço e quantia de1:000$00 conto de réis. Cerca de cinco meses depois, foi efetivada a compra de uma escrava também em idade considerada produtiva, seu nome era Martinha, 25 anos, crioula, vendida em 11 de maio do ano citado, pela quantia de 800$00 mil-réis.

A partir destas informações percebe-se que “no processo de formação dos preços dos escravos eram levados em consideração alguns fatores como, sexo, idade, o estado físico, a concorrência, a conjuntura econômica e sua qualificação profissional” (MATTOSO, 2003, p.77-78).

A tabela abaixo traz dados sobre o sexo, a idade e o preço.

Tabela 07- Preço médio dos escravos comercializados por fixa etária e sexo-Conceição do Coité (1869-1888)

image

Os valores apontados na tabela evidenciam uma considerável dinâmica nos preços dos escravos. As mulheres, geralmente, eram vendidas por menores preços que os homens. Outro dado encontrado é que quanto maior era a idade do escravo, seu valor diminuía. Um exemplo é a venda da escrava Maria, cor preta, 40 anos, vendida em 1886 pela quantia de 190$00 mil-réis. Outra escrava vendida no mesmo período, mas com 19 anos, foi vendida por um valor superior ao de Maria. Esse foi o caso de Joana, vendida por 450$00 mil-réis. De acordo com Neves, não há indícios de que no sertão tenha havido centros de distribuição de escravos, e assim, o preço variava de acordo com a oferta e a procura. Ainda segundo ele, o preço dos escravos do sertão foi inferior aos do litoral. Este fato pode ser explicado pela falta de especialização dos cativos sertanejos. (NEVES, 2008)

Nesta pesquisa foram encontrados preços curiosos. Este foi o caso do escravinho José,com 09 anos de idade, vendido por 640$00 mil-réis, quando outros da mesma faixa etária e período foram negociados por valores bem menores do que ele. Outro caso foi o da escrava Marcolina, parda com idade de 09 para 10 anos, cuja venda foi efetuada no mesmo ano da de José, mas com um valor inferior, 550$00 mil-réis, evidenciando que o sexo era um diferencial significante para a realização de uma venda de escravo. O menor valor encontrado foi o de Anacleto, com 01 ano de idade, custando apenas 150$00 mil-réis. Provavelmente este valor se deve a pequena idade do menino, o que não possibilitaria renda para seu senhor em curto prazo.

O maior valor encontrado foi o do escravo João, vendido em 1874 pela quantia1:200$00 réis, ultrapassando todos os outros valores. Maiara Gordiano em estudo sobre Coité a partir de inventários (1872-1888), encontrou um valor semelhante: o do escravo Clemente,crioulo, avaliado no inventário de seu senhor pelo preço de 1:100$00 réis (GORDIANO,2011).

Fonte: Vestígios no tempo: escravidão e liberdade em Conceição do Coité-BA (1869-1888) - Edimária Lima Oliveira Souza

Nenhum comentário:

Postar um comentário