Esse blog é sobre a história da minha família, o meu objetivo é desvendar as origens dela através de um levantamento sistemático dos meus antepassados, locais onde nasceram e viveram e seus relacionamentos inter-familiares. Até agora sei que pertenço as seguintes famílias (nomes que por vezes são escritos de forma diferente): Ramos, Oliveira, Gordiano, Cedraz, Cunha, Carvalho, Araújo, Nunes, Almeida, Gonçalves, Senna, Sena, Sousa, Pinto, Silva, Carneiro, Ferreira, Santos, Lima, Correia, Mascarenhas, Pereira, Rodrigues, Calixto, Maya, Motta…


Alguns sobrenomes religiosos que foram usados por algumas das mulheres da minha família: Jesus, Espirito-Santo...


Caso alguém tenha alguma informação, fotos, documentos antigos relacionado a família é só entrar em contato comigo.


Além desse blog também montei uma árvore genealógica, mas essa só pode ser vista por pessoas que façam parte dela. Se você faz, e gostaria de ter acesso a ela, entre em contato comigo.

terça-feira, 6 de outubro de 2020

São José das Itapororocas

 

São José das Itapororocas (Maria Quitéria): passado e presente

POR MATHEUS RIOS

 

Os mitos fundacionais de uma cidade/civilização são sempre cercados de

muitos personagens, estórias, acontecimentos, perseguições, guerras e

muitas reviravoltas.


No caso dos mitos fundacionais das cidades brasileiras quase todos

são contados levando como ponto de partida a chegada do colonizador,

a expulsão dos povos indígenas nativos e a construção de igrejas, estradas, fortes e pequenas povoações.


O mito fundacional comumente conhecido da cidade de Feira de Santana

é aquele ligado à história da doação das terras para a construção da capela em devoção à Sant’Ana no Alto da Boa Vista, por Domingos Barbosa de Araújo e sua esposa Ana Brandão, em meados do século XVIII.


Se mantermos a coerência dos fundamentos de criação dos mitos de

fundação, os primórdios da Princesa do Sertão podem estar ligados a outra localidade, outros personagens históricos que começaram o povoamento deste território um século antes, em 1609. Dessa forma, vamos analisar alguns acontecimentos, estórias e causos das vidas dos primeiros colonizadores da localidade conhecida atualmente como o Distrito de Maria Quitéria, ou, como muitos ainda preferem chamar: São José dos Campos de Itapororocas.

OS HABITANTES NATIVOS E OS PRIMEIROS

PROPRIETÁRIOS DAS TERRAS DE ITAPOROROCA

Antes da chegada dos colonizadores, os povos nativos que habitavam as terras onde hoje se localiza o distrito de São José das Itapororocas pertenciam à etnia dos Payayá. Segundo Carlos Ott, os Payayá poderiam ser compreendidos como caçadores-coletores, agricultores, fabricantes de ferramentas de pedra e cerâmica. Seriam também conhecedores da arte da construção usando ossos, madeiras, palhas trançadas de licuri e folhas de palma. A eles, devemos a origem do termo “Itapororoca” que significa “pedra que faz um grande barulho, pedra que ronca” (palavra originária do tronco linguístico tupi:  Ita: pedra – pororoca: forte barulho da natureza).


De acordo com Elias de Moraes, em 1558, o primeiro governador da Bahia, Tomé de Souza, trouxe junto à sua comitiva uma grande quantidade de gado bovino para ser criado no litoral do estado. No entanto, os bovinos não se adaptaram ao clima do litoral e passaram a ser enviados para o interior do estado. Assim, a construção de fazendas e currais era uma das condições para a concessão de terras no recôncavo baiano.


“Em 1653, essas terras foram vendidas a João Peixoto Viegas, uma das figuras mais marcantes quando estamos falando da colonização das terras dos Campos de Itapororoca.”


Ao que consta, o primeiro proprietário das terras desta região foi Antônio Guedes de Brito, que passou a ser proprietário da sesmaria de Tocós, em 1609. No entanto, o primeiro registro oficial de concessão de terras foi dada através de uma carta em favor de Miguel Ferreira Feio em 1615. Essas terras compreendiam um território conhecido como Sertão de Tocós, que abrangia as regiões de Itapororoca, Jacuípe e Água Fria. Em 1653, essas terras foram vendidas a João Peixoto Viegas, uma das figuras mais marcantes quando estamos falando da colonização das terras dos Campos de Itapororoca. Antes de entrarmos especificamente nas histórias e causos da vida desse sertanista, recorremos à ilustração do mapa adaptado por Luiz Cleber Moraes Freire para darmos uma noção melhor sobre a configuração territorial da Bahia “daquela época”:

OS PEIXOTO VIEGAS, A CONSTRUÇÃO DA

CAPELA DE SÃO JOSÉ E AS PRIMEIRAS PROPRIEDADES

Conforme nos conta Elias Enock de Moraes, pesquisador e morador do distrito de São José, João Peixoto Viegas veio de Portugal, em 1640, como sertanista, ou seja, com o objetivo de desbravar os sertões da Bahia à procura de ouro, diamantes e demais riquezas minerais. No entanto, suas atividades se voltaram para a criação e comercialização de gado. De fato, povoar a terra com gado, moradores e escravos era uma das condições para a obtenção de direito de posse das terras, como mostra a professora Nacelice Barbosa Freitas ao apresentar um trecho da Carta de Doação de sesmaria a João Peixoto Viegas:


“A terra é concedida ao sesmeiro, que passa a ter direitos plenos sobre ‘os sobejos, voltas, enceadas, agoas, salinas e os mattos que ao redor das ditas terras estivessem por dar, visto ser em utilidade da fazenda e rendas de Sua Magestade’. Exige o direito de posse porque tomou por tarefa povoar de ‘gado e escravo, e moradores’, o espaço que inexplicavelmente confirma como desabitado.”


Foi justamente com o intuito de povoar as terras que João Peixoto Viegas atende ao pedido de sua esposa, Joana de Sá Peixoto, para construir uma capela em devoção a São José. Pelos estudos de Monsenhor Renato Galvão, em 1653 a capela já havia sido construída. Além da capela, o sertanista construiu currais de madeira para negociar animais, além de alugar os pastos para animais que transitavam pela Estrada Real do Gado que tangenciava suas terras e era um importante elo para o gado que vinha da “comarca de Jacobina” e iria embarcar no porto de Cachoeira. Nesse sentido, em matéria de povoamento de moradores e criação de gado, podemos afirmar João Peixoto Viegas foi bem sucedido. De fato, no final do século XVII, foram contabilizadas 317 fazendas de gado ao longo do Rio Paraguaçu.


Foto histórica da capela de São José

Por conta desse vertiginoso crescimento, a povoação de São José das Itapororocas foi elevada à condição de freguesia (menor divisão administrativa em Portugal e no antigo Império Português, semelhante à paróquia civil) em 1696, por ordem de Dom João Franco de Oliveira, Arcebispo de Salvador. Assim, a paróquia passou a ser denominada São José dos Campos de Itapororoca. Nos primeiros anos do século XVIII, João Peixoto Viegas fragmentou suas terras para vendê-las. Uma dessas fazendas foi comprada justamente pelo Tenente Domingos Barbosa de Araújo e Ana Brandão, e ganhou o nome de Fazenda dos Olhos d’Água. A partir de então, com a feira que se estabeleceu em torno da capela de Sant’Ana e por conta do crescimento econômico fascinante da localidade, Feira de Santana é elevada à categoria de Vila em 1833. Assim,


“Com a criação da Vila Feira de Santana e a instalação da sede municipal em 1833, promoveu-se a transferência da sede paroquial, o que ocorreu pela Lei Provincial nº 234, de 19 de março de 1846, sendo suprimida a paróquia de São José que seria restabelecida pela Lei Provincial de 23 de abril de 1864, no governo de Arcebispo D. Manoel Joaquim da Silveira, da Arquidiocese do São Salvador da Bahia.”


Em 1857, foi criado o distrito de São José e anexado ao município de Feira de Santana pela resolução provincial 657. Pelo decreto estadual nº 11.089/1938, o município de Feira voltou a denominar-se Feira de Santana e o distrito de São José de Itapororoca passou a denominar-se Maria Quitéria.


Fonte: https://feirenses.com/sao-jose-das-itapororocas/

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