Esse blog é sobre a história da minha família, o meu objetivo é desvendar as origens dela através de um levantamento sistemático dos meus antepassados, locais onde nasceram e viveram e seus relacionamentos inter-familiares. Até agora sei que pertenço as seguintes famílias (nomes que por vezes são escritos de forma diferente): Ramos, Oliveira, Gordiano, Cedraz, Cunha, Carvalho, Araújo, Nunes, Almeida, Gonçalves, Senna, Sena, Sousa, Pinto, Silva, Carneiro, Ferreira, Santos, Lima, Correia, Mascarenhas, Pereira, Rodrigues, Calixto, Maya, Motta…


Alguns sobrenomes religiosos que foram usados por algumas das mulheres da minha família: Jesus, Espirito-Santo...


Caso alguém tenha alguma informação, fotos, documentos antigos relacionado a família é só entrar em contato comigo.


Além desse blog também montei uma árvore genealógica, mas essa só pode ser vista por pessoas que façam parte dela. Se você faz, e gostaria de ter acesso a ela, entre em contato comigo.

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

História da Minha Vida – Fita 2, Lado B

Meu bisavô Hildebrando Cedraz (Pequeno) gravou diversas fitas, algumas com músicas (ele adorava tocar violão e cantar) e outras contando a história da vida dele. Consegui encontrar algumas dessas fitas e vou postar aqui. Para quem quiser ouvir é só conferir o audio abaixo, mas também coloquei a transcrição (vez ou outra é difícil de entender o que ele fala, então me desculpem se houver algum erro, também não fiz correções, só fui digitando). É importante lembra que ele nasceu em 1901, então a visão que ele tinha de muitos aspectos da vida são diferentes da visão que temos atualmente.

Obs: Uma parte das fitas já está no 4shared caso alguém queira baixar para ouvir:

https://www.4shared.com/file/ZgGKFgekea/Fita_1A.html

https://www.4shared.com/file/Z7ZdU27niq/Fita_1B.html

https://www.4shared.com/file/u_5r7robea/Fita_2A.html

https://www.4shared.com/file/uUS5znO4ea/Fita_2B.html

"Isso foi 1930, mas Idália teve o primeiro filho no dia 29 de janeiro de 1929, Homero, esse meninozinho muito lindo. Eu tinha botado uma venda pro serviço do cercamento da fazenda e tal, como já disse houve a questão do povo do galheiro, e eu matava boi e tal, eu comprava ovo. E com isso fiz um movimento grande lá no Rio das Pedras com esse negócio. Então depois dessa luta, o negocio da questão do galheiro que eu ganhei, fiz cerdado, trabalhando com muitos homens. Eu saia de manhã, voltava de tarde, Idália mandava levar minha comida meio dia lá no mato. Meu pai disse que era pra eu tomar nota que me pagava, não quiz não senhor, quero cercar e lhe entregar a fazenda na chave, não quero nada não senhor. Isso o menino foi pirigando, eu dava duas viagens por semana a Serrinha pra ver se dava jeito, mas não pode porque tinha deslocado um rim, eo rim estava crescendo, crescendo, crescendo, doutor André disse: 'não, esse caso pode operar, mas de mil escapa um, você é quem sabe'. Não não vou operar não, não adianta, vamos maltratar ele mais ainda, deixe pra lá. Ia ruizinho, foi quando Idália teve Mariá, dia 18 de junho 1930. Foi no ano que eu tive esses milhos, fiz muita farinha, eu fiz ...só a mandioca que plantamos de sociedade lá no palperio (pal ferros?) deu 160 sacos, 80 pra cada um. Eu tinha feito um caixão de 100 sacos, mas a mandioca que tinha plantado no fundo ca casa eu não arranquei porque a prensa quebrou a porca e pra vir demorava, já chovendo trovoada, eu não, farinha barata eu vou comprar pra enteirar, ai comprei faria, acabei de encher o caixão, a 5 mil réis o saco, comprei um saco de esteira, enchi um bocado de saco de farinha e tal também, e a mandioca ficou lá. Mas quando foi em 31 eu fiz outro roçado, o ano não deu nada, nada mesmo em 31, então eu perdi a mandioca. A mandioca pocou, eu não pude arrancar em 31 e nisso ficou, eu lutando com as dificuldades, foi quando eu tava com uma porção de gado e eu não tinha os pastos não davam, pra eu ficar criando esse gado todo assim. Eu fui a Impueira tinha gado na Trovoada, fiz uma berdueguinha, e eu banquei bobo em vez de descer meu gado pro lado do Santo Antonio levei meu gado, 64 rezes, pra Impueira. E quem tomava conta era o cabra lá preguiçoso, que era um moreno, deixou meu gado morrer. Deixei o gado lá e não chuvei mais nunca. Nunca, em 1931, 64. Ai eu não esmoreci não, fiquei por cá trabalhando e tal, 31 veio 32, veio 32 eu puxei outro roçado de 25 tarefas lá pra perto do rio Itaí. 32, 25 tarefas. Ficamos no meio, umbuzeiro dos cágados chamado ???? da caatinga, mas cerquei tudo, deixei preso e plantei o roçado de mlho, plantei todo de milho e capim. Nunca choveu, ai o povo começou a se apertar e eu acabei a venda porque não tinha ninguém, já tinha ido embora tudo pro recôncavo, procurando recurso, não tinha mais ninguém Mediocler e seu Maurício. E pronto, 32 ruim, que é que se faz, o povo pra ir embora, ai eu plantei o roçado e meu milho e coisa, ai veio Deodoro e me pediu socorro, seu Maurício. Botei Mauricio pra serrar madeira e Deodoro, veio Vitorino guentei Deodoro, Vitorino e seu Mauricio durante a seca de 32 fazendo portas e janelas, fizemos um caixão, mais um caixão que levava 130 sacos de farinha, mas ai já não botei farinha mais nesse ano, já era 32. Não tinha, a farinha já tinha subido de preço. Ai guentei com esses homens fazendo portas e janelas, fizemos muitas portas e janelas, minhas umburanas acabou, meu pai não queria que eu tirasse muita umburana, eu fui pra queimada nova, Joaquim me deu, foi lá que eu tirei mais um bocado de umburana e seu mauricio serrando e eles fazendo portas e janelas. Quando foi no mês de julho veio uma chuvinha. Deoclecio havia descido, estava em feira de Santana com a família, eu mandei chamar ele, que ele voltasse. Plantei um pouco de feijão, milho não dava mais, mas o capim nasceu todo, o milho já tinha apodrecido o capim nasceu todo. eu plantei um pedaço de feijão, mas foi quando eu tinha um lote de carneiro gordo, vendi a cumpade Camilo pra Serrinha e a (...) desses carneiros tava lá no pasto de Leli mais Iaiá, eu tava cavando cova de feijão mais seu Maurício, fui entregar os carneiros e correu um carneiro eu fui atalhar e seu Onô tinha puxado, desmanchou uma cerca no pasto dele, por dentro do pasto, deixou só um fio de arame, na carreira que eu ia, quando descobri o fio de arame botei a mão assim pra não me desgraçar o rosto, cortou minhas mãos todas, não pude mais pegar na enxada nem nada, me atrapalhou, ai eu voltei, a mão cortada de arame, ô minha nossa senhora que coisa ruim. Fiquei, fiquei disse sabe de uma coisa vou embora pra Ichú, vou procurar um lugar pra eu entrar no comércio, vou entrar em um comércio, não posso ficar assim me acabando não. Me acabando de trabalhar, seca só seca, só seca, não tá dando nada, meu gadinho que levei lá pra cima tá se acabando também. 

Foi quando Homero no mês de junho, no fim de julho, Homero perigou, e dona Olympia tava aí, nós tinha perdido 28 noites, vamos levar esse menino pra Coité que lá tem mais gente pra gente ficar. Aí saimos com o menino, o carro de boi com a bagagem, dona Olympia, Idália, Idália tinha Mariá pequenininha, a criança tava com 28 dias ou 30 dias, e nós fomos, eu com Homero no cabeçote, ficava só olhando ele assim, desfiava o cigarro todo ou um cachinho de jurubeba, quando chegamos na Onça, era meio dia, fomos descansar um pouco, daqui a pouco dá leite ao menino, remédio e tal, saimos, não viajamos duas tarefas o menino estirou, Olympia o menino tá morrendo, Idália correu chegou o menino tava morrendo mesmo, chegou botou lá em cima do carro o menino morto, todo mundo chorando e tal, fomos pra Coité, lá só fomos enterrar a criancinha, morreu ele Homero. Passamos lá umas semanas voltamos de novo eu mais Idália, voltamos com Mariá pequenininha. Dona Olympia batizou logo mais neninho a criancinha pequenininha e nós voltamos pro Rio das Pedras, no mês de julho.

Quando foi em Outrubro, foi outrubro ela teve, Outubro de 32, isso foi 31, quando foi em Outubro de 32 ela teve Francisco, dia 4 de outubro. Nasceu Francisco, eu já tava me arrumando pra ir pra Ichú, então eu pensei em ir pra Ichú. Mota morava em Feira de Santana, disse que se nós arranjasse uma estrada aí por dentro, que logo fez a estrada de Tanquinho pra Candeal, e puxou pra fazenda dele, se pudesse ligar. Eu digo vamos ver que jeito se dá. Eí eu pensei vou fazer o seguinte, pra impressionar o povo do Ichú eu vou pegar esse resto de homens aqui e vou puxar a estrada, a estrada daqui pra Ichú. Peguei uns quatro rapazes e fui levando, entupindo buraco e tal, arrancando pedra, do Rio das Pedras duas léguas. Toquei, quando cheguei na lagoa do boi veio zuca da Aleluia chamado que ele tinha uma fazendinha ali no contador, quando viu meu trabalho disse "vixe nossa seu pequeno', 'eu vou levar pra Ichú'. Ele foi lá, quando voltou eu já vinha na capoeira do rio com o trabalho chegou no Ichú disse Pequeno vem com o trabalho bem feito só nós ajudando ele. Passei a capoeira do rio, a estrada por dentro do rio, uma volta desgraçada no umbuzeiro, outra volta na capoeira do rio pra sair no umbuzeiro, cercado grande, lá pelo banguelo. Ao final que quando cheguei no Umbuzeiro a turma do Ichú veio me encontrar, a turma do Ichú veio me encontrar e aí nós juntamos todos dentro de dois dias chegamos no Ichú. A estrada ia sair lá no Peixe como já disse, no matadouro, onde eu fiz o matadouro, mas seu (joão dão?) não tava ai, cortamos a volta pra sair no cemiterio, saimos ali no cemitério. Eles já tinham arranjado um cemitério no Ichú. Saimos ali a estrada. Quando chegamos lá logo Antonio Pio seu Zé do Umbuzeiro, os dois, 'Pequeno venha pra qui, rapaz, pranha pra qui, eu lhe vendo aqui minha mercadoria, lhe dou a casa você não paga tostão de aluguel. Coisa ruim ele tinha uma venda na Aleluia, na fazenda dele e tinha essa lojazinha na rua. O Ichú já tava maiorzinho, uma porção de casinha de rancho, tudo casa de rancho, tudo casinha de rancho e tinha uma capelinha no meio da rua. Quando eu passei por lá em 27 apenas tinha um sino amarrado no fecha da casa do velho Joaquim. E aí já tinha uma capelinha no meio da rua, capelinha pequena então ' a eu lhe vento e tal' , eu fiz o negóciocom Antonio Pio, eu tava pensando isso mesmo, comprei a mercadoria dele, fiquei na casa, seu Jove veio me vendeu, ai seu Nery disse 'oi pequeno cuidado com seu Hermelino, ele tá devendo', tá bom, seu Hermelino cansou comigo, não seu Hemelino, peraí o senhor tem débito, sua mercadoria tá maltratada, depois posso compra, mas agora não posso não, meu capital é pequeno, já comprei a esses paguei, empatei meu capital, e tal. Fiquei por ali, eu só tinha, eu tinha vendido meus animais a Luis Chiquinho quando tinha que ir pra lá, vendi meus cavalos, três cavalos gordos por 2500 a Luiz Chiquinho, dois contos e quinhentos pra enterar o dinheiro pra ir pra lá. E fiquei nisso ai agora, a influência seu Pequeno, todo mundo era seu Pequeno, o senhor quer ficar aqui, que aqueles freguês dele entrava, liberdade de se despachar dentro da venda, 'não! Aqui dentro só fica eu e o rapaz que vai me ajudar, não tem esse negócio de ficar aqui dentro da venda não'. Aí tirei logo todo mundo, despachava no balcão. Idália ficou no Rio das Pedras, não podia ir que não achou uma casa que servisse pra nóis morar. Consegui uma casa de rancho, que com (...) disse você pode concertar como você quiser, não tem problema não, aí eu meti o páu, fazia cozinha, murar a casinha, fazer cozinha e tudo, uma latrinazinha que não tinha. Aquilo era uma coisa, uma pobreza, em 32. Eles estavam cavando um tanque que coronel João Passos tinha prometido 20 contos, fez que podia cavar o tanque que ele arranjava lá com o governador, mas era Juracy Magalhães, não podia arranjar nada. Ele não podia, quem tinha força era Rufino, mas João Paulo arranjou os 20 contos e eles bateram cavando o tanque lá numa lagoa lá no fundo da rua e tal. Aquilo por besteira cada meta e eu fiquei nun jegue, vinha de manhã, abria a venda, quando eu vendia dez de reis já fazia a feira, fechava a venda e ia embora pro Rio das Pedras. Aí nisso fiquei, trazendo tinha um carro de boi do Rio das Pedras, que eu tinha arranjado um carro de boi, e o carrinho trazendo madeira e tudo, até que preparei a casa. Mas isso foi 32, entrou 33 ruim, lá vai janeiro, fevereiro. A chuva veio chegar em Março, chegou temporal bom. Foi quando eu trouxe Idália praí. Trouxe Idália praí pro Ichú, levei pra lá, nessa casinha, mas já bem arrumadazinha, ficamos lá. 

Então eu fiquei por lá, não tinha animal, eu pra fazer uma viagem a Riachão ou Serrinha era tomando seu Zé do Umbuzeiro um cavalinho a ele ou seu Antonio Pio. Emprestava, eu tinha vendido meus animais todos, só tinha esse jeguinho, que eu ia pro Rio das Pedras e voltava. Quando Idália queria passear no Rio das Pedras ia a pé, cansou de ir a pé coitada, e eu com um menino na garupa no cabeçote, nós tava com três menino, Abelardo, Mariá e Francisco assim pequenininho. Aí nós fomos levando assim, a coisa foi melhorando um pouco, foi indo, lá vai. Foi quando houve uma grande safra, seu Hermelino muito trabalhador, o povo do Ichú é muito trabalhador. Quando, nesse interim, foi quando eu era delegado, sim, eu me esqueci que quando foi 1930, depois daquela revolução de 30, Eustórgio, eu passava me chamou disse 'venha cá' eu esqueci de falar isso 'você venha ver' pegou o diário oficial, para delegado de Coité Eustorgio Pinto Resedá, para primeiro suplente Hildebrando Cedraz da Silva, opa, eu primeiro suplente, veja a confiança que ele tinha em mim. Ele me nomeiou como primeiro suplente, eu já tinha me esquecido de dizer isso, foi em 1930, depois da revolução de 30 que ele fez isso. 

Quando foi em 31 ele me passou o exercício de Delegado. Quando eu vim para o Ichú, Riachão era submisso a Coité, era Durval Pinto o prefeito do Coité, o intendente, tinha um Arnaldo Motta farmacêutico em Riachão que era o vice intendente, o sub intendente e delegado de Riachão. E eu tava de Delegado o tempo que tava com a portaria que Eustorgio me entregou me passando o exercício de delegado, podia dominar tudo com aquele. Tava como delegado de Coité e Riachão esse tempo todo, isso eu tinha me esquecido de declarar, essas coisas são assim mesmo. Então eu fiquei no Ichú, era o delegado daquele termo e tal, então não tinha padre no Riachão nessa época, pra arranjar uma missa, eles arranjaram, conseguiram um padre de vir de Camisão, hoje é Ipirá, rezar uma missa aí. Existia no Ichú uma turma de gaeteiro, os filhos de Hermilino com Luis de Elias e tudo, era uma turma de gaitas que era a música do Ichú. Quando o padre chegou eles vinheram fazer uma recepção, o padre se aborreceu com eles, mas tinha uns barbeiros do Calderão que costumava vir tocar nas festas, festa sempre foi lá iniciada em fevereiro, 5,6 e 7 de fevereiro. Quando o padre soube que vinha os barbeiros disse não ia tocar não, que não era pra tocar não. 'Não é porque padre?' pois será possivel, não é possivel uma coisa dessa. O tempo já tava bom, já foi em 33, tempo bom, me ofereceram uma melancia muito bonita, me disseram ' o padre gosta de melancia rapaz', hospedado na casa de Luiz Conrado, ai eu digo oxe peraí padre tá caçando briga, deixa eu ir lá, mandaram eu levar a melancia a ele. Aí fui com três companheiros lá 'ô seu vigário, como é e tal e tal, o senhor não quer que toque? nãovtenha paciência, isso é tradicional, o senhor marque quando é que só vão tocar na hora que o senhor mandar, garanto ao senhor que ele não faz nada fora'. E já o subdelegado de Candeal chegou 'a porque eu mando tocar', 'não peraí rapaz, alto lá, eu sou o delegado do termo, 'ha´é o senhor?' a é, não é assim não. É um preto que tinha do Candeal, esse povo já sabe como é. Aí o padre concordou, marcou os horários e os barbeiros foram tocar no horario marcado por ele. Daí em diante ele passou uma semana aí. O padre gostando, e obedeceu todo mundo e os barbeiros podia tocar a hora que quizesse, então foi quando houve a festa de fevereiro, coisa muito importante. Depois eu fui a Coité, consegui com Lero, João Garricha, violão, Lero bandolim, Zeca Pedreiro era o cavaquinho, vamos fazer uma orquestra no Ichú. Aí eles eram sapateiros, digo eu  forneço a vocês, eu lhe forneço a mercadoria você faz o seu trabalho vá vendendo e me pagando, aí tá certo. Levei eles pra lá, chegaram lá eu comprava mercadoria, sola, couro,.... Tudo tudo dava aeles, eles tinha máquina, tinha tudo , fabricando  um percata e vendendo, um chinelo e coisa, sapato e me pagando, compra mais e fomos levando assim. Orquestra muito boa. Ja foi no ano de 34, ano bom, tudo correndo bem. Eu peguei Jonas e levei pra lá, Jonas meu cunhado, pra me ajudar na loja, 1934. Lero mais João Garricha, esse povo todo lá no Ichú, tudo meu era no Ichú e lá vai. As coisas melhorando mesmo, 34, e foi indo. Nunca mais eu fiz um roçado nem coisa nenhuma, quando foi, isso foi em 34, 35. Sim 34 nós criamos o distrito de Ichú. Aproveitamos, tinha o administrador de Zé Rufino, era Justiniano Soares Militão, tratava Justo, um preto que se interessava pelo Ichú demais. Em 32 ele havia levado os animais de Zé Rufino pro Santo Amaro pra (recursar?), as éguas com tudo, e botar num pasto dum cidadão lá da fazenda chamado Vanique, aí tomou dinheiro no banco e morreu, deixou o debito, tiveram que vender essa fazenda e Justo pegou essa viúva com as filhas e trouxe pra Ichú. Comprou a fazenda de Zé Martins ali perto da rua, Bom Jardim, e a viúva veio praí.

Aí criamos o distrito, pra ser nomeado o filho mais velho dela, Umberto como escrivão. E foi criado o distrito e eu fui nomeado como subdelegado, logo aí de novo era o intendente de Coité me tirou, logo já tinha saído de delegado do Coité. Fui nomeado subdelegado de Ichú, Umberto o escrivão, e Leonardo das Balizas o juiz de paz. Ficamos o Ichú, eu no Ichú como subdelegado, Umberto escrivão, mas Umberto desajeitado, tudo pra começar é difícil. Umberto coitado, não fazia nada, um meninozinho pra registrar, uma besteira e não dava pra passar, eles diziam que iam morrer de fome, daí um ano, uma coisa, se não vamos embora pra São Paulo. Resolveram vender a fazendinha e ir embora pra São Paulo. Justo mesmo, mais ajuntaram mais outros lá e compraram a fazendinha e eles foram embora pra São Paulo e Umberto deixou, entregou a Zé Rufino o cartório, pra Zé Rufino resolver. Foi quando Luiz se aproximou pra querer ser candidato do cartório e Zuca Trabuco. Zé Rufino mandou me chamar, 'o que é?', 'É porque tem dois candidatos aqui no cartório e você quem resolve, tem Zuca Trabuco de José Trabuco e tem Luiz de (Anguelino/Armelino?)'. 'Entrega a Luiz!', 'Oie Compadre, esse povo é muito falso'. Mas eles são muito pegado comigo, são muito pegado comigo, deixei ele mesmo. Foi quando Antonio de seu Armelino pagou o débito que tinha a (Frente e Silva?) de Salvador, deu um gado, deu uma mula que ele tinha de arreios, mercadoria eles não queriam, tudo maltratada. Aí pagou um boi que ele tinha comprado por um conto de réis, um boi Gir, tudo isso o povo viajando. Foi quando Antonio Moura carneiro, era credor, veio, ele só tinha junta do boi de carro, seu Hermelino, e tinha deixado umas quatro vacas pra tirar leite. Ai Antonio Moura Carneiro acertou pra dar 'dou 60 dias pra ele pagar ao contrario tem que ferrar os boi de carro', e disse pra eu comprar as mercadorias 'Não a mercadoria deles tão muito maltratada, ai vencido o prazo eu tive pena de seu Hermelino. O carro de boi ele levava mercadoria, milho pra serrinha e trazia e trazia mercadoria da gente a dez o saco, ele tava vivendo disso coitado, muito trabalhador, pedindo. Fui a a Feira 'Seu Antonio, como é? Se eu comprar a mercadoria do seu Hermelino o senhor me guenta pra eu ir lhe pagando', 'Oxe Hildebrando, pode fazer o negócio, eu tô com pena de ferrar os boi de carro dele. Vamos deixar e tal'. Aí ele tinha me entregue o ferro, tá até guardado lá no meu armazem no Ichú até hoje. Eu fiz esse grande favor a seu Hermelino, então comprei a mercadoria, deu pra pagar o debito de Antonio Moura Carneiro e ainda sobrou ainda cento e tantos mil reis, eu entreguei a ele o dinheiro, dei em primeiro lugar logo a seu Hermelino que precisava e fui paguando seu Antonio Moura, pouco tempo eu paguei tudo, graças a deus. Pois o tempo tinha melhorado eu vinha ai Virgilio tinha vendido a loja dele a Estevão Bispo era um empregado dele compro. Apertado, não tinha o dinheiro, Virgilio tomando o dinheirinho que ele apurava todo para pagar trabalhador lá no candeal e o pobre do Estevão apertado, então eu ia comprar mercadoria a Estevão tudo de graça, mercadoria barata, bulgariana de cruzado de quinhentos reis, madastro algodãozinho, tudo, brilho diamantino de dois cruzados, a mesca, tudo baratinho. Eu fui na Caiçara 'Jove você me empresta, tem algum um dinheirinho?' 'Eu só tenho aqui 300 mil reis, até Totonha veio me pedir aqui emprestado um dinheiro pra comprar uma farinha, eu disse a ele que não tinha, mas você cala a boca, fique com esse dinheiro lá, só me dá quando eu procurar, não quero que ninguém saiba'. 300 mil réis, eu fui, oxe, fiz um feirão, sorti minha loja com 300 mil réis e mais um dinheirinho que eu arranjei aí da cera que eu fazia, oxe uma beleza, aí comecei a melhorar, melhorar, melhorar, melhorar e lá vai. Eu no Ichú, muito bem e coisa. 

Foi quando daí em 35, já era juiz de paz, foi quando morreu o juiz de paz Eulálio das Balizas, foi quando então Maninho Ferreira tinha vindo praí botou uma bodega, tinha Apolonio, Satinho essa gente tinha umas bodega, e eu então, Manu Ferreira botou uma bodega, eu digo, Maninho eu vou lhe nomear como subdelegado daqui, 'pequeno não' vou botar porque eu vou passar pra juiz de paz, Eulálio morreu, e você fica como subdelegado. Ai nomeei Maninho, Maninho 'Pequeno eu vou renunciar', 'Porque?', ' Não tem quartel, Seu Hermelino vendeu o quartel daí a Zé Damião do Riacho da Areia, e Zé Damião comprou o Quartel. Seu Hermelino disse que a prefeitura não tava pagando nada, que ele vendeu a Zé damião por um conto de réis o quartel. 'Não peraí que eu vou ver Zé Damião'. Zé Damião você me vendeu, dou lucro, ai comprei de novo o quartel, 'Tome Maninho a chave, você fica como delegado, seu quartel'. Ficou lá, Maninho como subdelegado e eu como Juiz de Paz, ficamos esse tempo todo, lá vai a gente.

Quando foi em 38, apareceu aí uma coisa, parece que acabou, porque era ditadura, naquele tempo de Getúlio Vargas, coisa aí. Mas teve uma passagem aí, teve em 38 uma democracia, ligeiro, provisória, que fizeram uma eleição bico de pena Pedro Mascarenhas o prefeito, e me nomearam, me elegeram também como Vereador.Tmabém foi poucos dias acabou isso. Acaboi isso Pedro Mascarenhas deu pra beber cachaça, ficando bebado, estragando a família e tal, bestando. E eu piquei de novo, passei para Juiz de Paz, de novo, foi levando, isso em 38, 39. Tudo ditadura, ditadura e eu sempre com prestigio ali.Fui levando, 39, 40. Sim, em 35 o Antonio Pio exigiu a casa e eu tive que construir uma loja em 35. Construi aquela casa da loja, fui na Queimadinha tirei um pedaço de casa velha lá e (minha dedela?) me deu, panhei, construi a loja. Entreguei a chave a Antonio Pio lá da loja do Povo chamada, chamada loja do Povo e essa daí eu botei Avantajosa. Jonas tava comigo. 36, quando foi 36 se não me engano João Morais veio, Seu Hermelino pediu, João Morais era intendente lá do Riachão, veio pra levantar o mercado, que aí tinha um barracão feito por seu Hermelino mas caiu, aqui chuveu e caiu o barracão, quebrou tudo, não prestava. De junto da loja, onde eu construi a loja. Aí João Morais veio, 'como é seu Pequeno? Você vai tomar conta disso aqui, pra levantar aqui esse mercado. Eu só faço aqui no lugar onde está' 'Você é quem sabe, faça aí mesmo'.



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