Esse blog é sobre a história da minha família, o meu objetivo é desvendar as origens dela através de um levantamento sistemático dos meus antepassados, locais onde nasceram e viveram e seus relacionamentos inter-familiares. Até agora sei que pertenço as seguintes famílias (nomes que por vezes são escritos de forma diferente): Ramos, Oliveira, Gordiano, Cedraz, Cunha, Carvalho, Araújo, Nunes, Almeida, Gonçalves, Senna, Sena, Sousa, Pinto, Silva, Carneiro, Ferreira, Santos, Lima, Correia, Mascarenhas, Pereira, Rodrigues, Calixto, Maya, Motta…


Alguns sobrenomes religiosos que foram usados por algumas das mulheres da minha família: Jesus, Espirito-Santo...


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quinta-feira, 14 de março de 2013

Cordel: A Peleja do Boi Valente com o Menino Aboiador

 

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A obra: Este cordel é baseado na história do nome da cidade, terra do sisal, Valente, Sertão da Bahia. Conta a peleja de um bicho encantado que existiu de verdade e pouca gente sabe. Um exemplo de quantas histórias bonitas nosso sertão encerra e que não chegam ao conhecimento do povo do resto do Brasil.

Vou contar-lhes uma história
Que aconteceu no sertão
Não é mito, fantasia.
Aconteceu neste torrão
Onde verso e cantoria
Tem a mesma tradução

Pois lá neste torrão
Pouco pra lá de Serrinha
Criava-se muito Gado
Porco, cavalo e galinha.
Mais era o Aboiador
O tradutor desta terrinha

Mas num dia de encanto
Naquelas terras de Deus
Vaqueiros ficaram atentos
A um belo boi que apareceu
Tava selado e era fatal
O que a este boi sucedeu

O Bicho foi fazendo fama
Porque era bravo, indolente.
Era um bicho selvagem
Arredio e sorridente
Vaqueiros e aboiadores
O chamavam Boi Valente

O Bicho não respeitava
Aboio ou tangerino
Se machucava na cerca
Lutando, Brigando e fugindo.
Os fazendeiros logo vendiam
Aquele animal ferino

Cada criador que ousava
Comprar aquele animal
Só tinha dor de cabeça
Prejuízo capital
Prá vender tinha que levar
Era um perigo total

E foi numa destas vendas
Que tocando a boiada
A peleja aconteceu
Nestas terras encantadas
Boi Valente e Menino Aboiador
Brigaram pelas quebradas

Boi Valente desgarrou
Da boiada em disciplina
Pelo meio da Caatinga
Escolhendo sua sina
Nem o Chamado do berrante
Fez o boi parar em cima

Mas é claro, o comprador,
Não sabia o resultado
Não sabia da peleja
Que rolava lá no mato
Problema do tangerino
Já viu menino tanger gado!

Os vaqueiros encourados
Correram pra derrubá-lo
Mas Boi Valente dava nó
Em quem tentava pegá-lo
Logo logo os vaqueiros
Ao menino se juntaram

Os cabra correu pra cima
Pra pegar o boi fujão
O bicho brigou na ponta
Derrubou vaqueiro no chão
E Chamou os cabra pra guerra
Que ele faria no sertão

Os vaqueiros fizeram plano
Prá pegar o Boi Valente
Cercariam o animal
Nos lajedos reluzente
Amansariam o boi brigador
Pra levá-lo ao cliente

Foram horas de picula
De peleja nas quebrada
Boi Valente dando olé
Em quem seu rastro pisava
Era a própria liberdade
E a poeira levantava

Só que o plano arquitetado
Pelo vaqueiro experiente
Funcionou depois de horas
De peleja no sol quente
Os vaqueiro pegador
Cercaram o Boi Valente

O Animal ficou nervoso
Com a nova situação
Tentou brigar na ponta
Viu que ali não dava não
Viu que atrás era um buraco
E em volta os cabra do sertão

Todos conheciam o poço
De pedra no mei do mato
Um buraco mei profundo
Com os lajedo pareado
Boi valente tava perto
De ser pego e amarrado

Mas, porém aconteceu
O que ninguém esperava
O Menino Aboiador
Bem à frente estava
Pegou o berrante encantado
E a peleja começava

Os vaqueiros não entendiam
O que estava acontecendo
Aquilo não era hora
Do berrante do pequeno
O menino lembrava que um dia
Seu avô foi lhe dizendo

Se um dia você encontrar
Um boi que seja arrinado
Que arrebenta cambão
Que cabra nenhum pega o cabo
Use este berrante ancestral
De seu velho tocar gado

Cada verso encantado
Pra amansar o boi fujão
Fazia o bicho mugir
Se esquivar e ciscar chão
Mas o olho do tangerino
Também fazia encantação

O Menino Aboiador
Tinha um medo no coco
Que o bicho escolhesse
Saltar pra dentro do poço
Por isso o tangerino infante
Aboiava feito louco

Mas destino de bicho encantado
É virar mote de assunto
Virar conto, verso, aboio
Cantoria para o mundo
Assim nosso Boi Valente
Pulou ao poço profundo

Os vaqueiros entristeceram
Com a morte do animal
Botaram o chapéu no peito
Vendo a cena fatal
O tangerino jogou o berrante
E uma cruz de flecha de sisal

N’aquele dia encantado
Nas veredas do sertão
Incó, Pau-de-rato, Umburana
Cassutinga e Pinhão
Souberam desta peleja
E suas flor não saiu não

O exemplo de coragem
Luta pala liberdade
Fez o povo transformar
Aqueles campos em cidade
Ao morrer contra o cambão
O Boi deu exemplo de coragem

Cidade fundou-se com um nome
Terras do Boi Valente
Mudou Mais à frente o nome
Chamava Valente somente
Terra de sisal em fartura
De gente brava e sorridente

Num cantinho da cidade
Tem uma placa de cimento
Falando do Boi Valente
Sua força e seu exemplo
Tem Carneiro profeta místico
Cheio de conhecimento

Obrigado bravo boi
Ter cumprido a profecia
Cumprido o seu papel
Semeando a alforria
Espero que os cabra da roça
Lembre disso algum dia

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