Esse blog é sobre a história da minha família, o meu objetivo é desvendar as origens dela através de um levantamento sistemático dos meus antepassados, locais onde nasceram e viveram e seus relacionamentos inter-familiares. Até agora sei que pertenço as seguintes famílias (nomes que por vezes são escritos de forma diferente): Ramos, Oliveira, Gordiano, Cedraz, Cunha, Carvalho, Araújo, Nunes, Almeida, Gonçalves, Senna, Sena, Sousa, Pinto, Silva, Carneiro, Ferreira, Santos, Lima, Correia, Mascarenhas, Pereira, Rodrigues, Calixto, Maya, Motta…


Alguns sobrenomes religiosos que foram usados por algumas das mulheres da minha família: Jesus, Espirito-Santo...


Caso alguém tenha alguma informação, fotos, documentos antigos relacionado a família é só entrar em contato comigo.


Além desse blog também montei uma árvore genealógica, mas essa só pode ser vista por pessoas que façam parte dela. Se você faz, e gostaria de ter acesso a ela, entre em contato comigo.

sábado, 26 de dezembro de 2015

UM OLHAR SOBRE O PROCESSO DE FORMAÇÃO DA HISTORIOGRAFIA DE SERRINHA: UMA CIDADE DO SERTÃO BAIANO

 

Claudiana Fonesca Menezes; Eliana Pereira dos Anjos; Gersoniria Andrade Oliveira

RESUMO

Este artigo busca esclarecer os aspectos relacionados à constituição da historiografia da cidade de Serrinha em algumas perspectivas históricas, geográficas e sócio-culturais, organizando uma visão panorâmica acerca de um período marcado pela presença do colonizador português e seus descendentes, através do desbravamento do sertão nordestino incluindo aí, o exercício de atividades agropecuárias em diversas fazendas, como também, a exploração da mão-de-obra escrava. São discutidos diversos aspectos numa sequência cronológica.

Palavras-chave:Historicidade.Colonização.Sertão.Desbravamento.Família.

Para desvendar o processo de construção da história de Serrinha, faz-se necessário compreender o termo historiografia que conforme Aurélio[4] é a arte de escrever história, a descrição dos acontecimentos. Estudo científico e histórico sobre os historiadores.

Serrinha é uma das cidades do nordeste baiano, a mais curiosa. A origem do seu nome deve ter surgido em consequência das serras que a rodeiam-na. Sobre ela teria dito Rui Barbosa[5] em 1915, “princesa dos sertões”, boato que corre de boca em boca, mas fato que não houve.

Quanto aos primeiros habitantes de Serrinha os cronistas da Corte fizeram várias referências às tribos indígenas que habitaram o Nordeste da Bahia, região onde se situa o município de Serrinha, dentre eles os Tocós, Biritingas e Cariris. A faixa de terra próxima do mar era ocupada entre outras tribos, pelos Tupi, Tapuia e Tupinaê. A rivalidade entre eles provocavam guerras e algumas tribos foram forçadas a migrar para o interior, assim antes mesmo de iniciar-se a colonização portuguesa, os Tapuias foram vencidos pelos Tupinaê e fugiram para o interior tornando-se, por força das batalhas, habitantes dos sertões.

Antes de Serrinha tornar-se cidade merecem registro dois fatos: a formação do Quilombo da Flor Roxa a sudeste do arraial, e a construção da linha férrea. O Quilombo formou-se na primeira metade do século XIX a sudoeste do arraial, em Candeal. O Quilombo era formado por escravos que fugiam das senzalas revoltados com os castigos e maus tratos dos senhores feudais. Estes escravos eram advindos de várias fazendas do recôncavo e da região, dentre elas a Fazenda Morrinho, Tambuatá e Umburanas e representavam uma ameaça à ordem a tranquilidade e aos bons costumes.

As pessoas que representam o lugar na época pediram ao padre Severo, em Bonfim, um indivíduo que fosse capaz de desalojar os escravos fugitivos. Foi enviado José Joaquim de Almeida, o qual era adepto à vida rude do sertão, com a missão de expulsar os escravos, este receberia como pagamento uma propriedade. Depois de muita briga matou a maioria dos negros, prendeu outro, e passou a morar nas terras do São Caetano perto da Bela Vista[6].

Para sobreviver sem muito trabalho, José Joaquim de Almeida, passou a assaltar os viajantes que passavam nas proximidades de suas terras. Quando o governo foi informado dos casos por ele praticados, mandou uma força policial, composta por 80 homens para prendê-lo em 1853, investida que durou quase um ano, para conseguir expulsá-lo com seus sequazes. Foi desalojado e exilado para Gavião, onde morreu. Sendo considerado uma figura mística, pois o povo acreditava que o mesmo possuía podres misteriosos, e que usava um anel de amuleto que quando apertava no dedo indicava perigo. Neste contexto, protegido por pessoas de suas relações, chegou a ser nomeado 1º Juiz de Paz de Serrinha, titulação que os da Terra desconheceram.

Em 18 de novembro de 1880 foi inaugurada a Estrada de Ferro, Alagoinhas – Serrinha. Fato que impulsionou o desenvolvimento e a passagem da Vila à Cidade.

Com a estrada vieram muitas famílias trabalhar em Serrinha, as quais se apegaram a cidade e passaram a morar definitivamente no local, como é o exemplo dos Nogueira vindos de Sergipe. Até o início da década de 1960, o movimento de transporte de passageiros ou cargas era feito pelos vagões da Leste Brasileiro. Foram eles que conduziram Rui Barbosa a Serrinha e trouxeram as novidades da Capital como também, promoveram as exportações da terra para outros estados.

Por vários anos, a chegada dos trens em Serrinha era motivo de alegria, novidade e prazer. Muitas mocinhas, vestidas alinhadamente correram à espera do “trem”; muitos rapazes nos bares e botecos faziam “hora” à espera do “noturno”, o trem era um acontecimento social, o hotel da Leste, onde ficavam hospedados os viajantes e visitantes, era muito frequentado. Muitos carnavais, bailes e serenatas foram realizados nos seus salões, com a ascensão do transporte rodoviário a velha Estação passou a ser segundo plano, a moda passou a ser vir de ônibus, as informações de telefone.O hotel da Leste fechou, o seletivo silenciou e a Estação ficou muda.

Com relações Ávilas e a conquista do Nordeste, Godofredo Filho[7], destaca que se os bandeirantes paulistas foram osresponsáveis em desbravar o melhor da natureza brasileira – as terras férteis e ricas do Brasil central e do oeste – aos bandeirantes baianos destinou-se a aridez de intérminas caatingas, num chão hostil das bromélias e dos cardos. Os bandeirantes que formavam o ciclo baiano exploraram e colonizaram o Nordeste em grande parte dos territórios de Pernambuco, Piauí, Maranhão e Ceará, foram devassados por estes intrépidos sertanistas. Nesta iniciativa, a história remonta a Casa da Torre[8], construção mais audaz e poderosa do Brasil colonial. Os Avilas se afoitaram pessoalmente, ao mais longínquo sertão ordenaram, sob a direção de subordinados seus, entradas de que resultariam excelentes descobertas. Vale ressaltar que os Avilas foram, antes do mais, criadores de gado isto é, colonizadores e civilizadores por excelência.

O historiador Pedro Calmon[9], em seu livro História da Casa da Torre – Uma Dinastia de Pioneiros – descreve que para fundar a capital do Brasil, mandou o rei “um dos seus melhores soldados, Tomé de Souza, com 320 homens de armas e seiscentos degredados. Entre aqueles, criado do governador, talvez de sua vila natal, São Pedro de Rates – nome do primeiro curral destacava-se o moço Garcia D’Ávila, por ele tão estimado que o fizesse, ao desembarcar, Feitor e Almoxarife desta Cidade e Almoxarife da Alfândega.”

Mesmo depois da chegada de Tomé de Souza e da implantação do Governo Geral, o estado permaneceu ausente durante anos, deixando aos particulares, senhores de engenho na maioria dos casos, parte dos poderes político, da organização econômica e até da administração.

Entre esses senhores estava Garcia D’Ávila, o mais poderoso deles, que largou as funções burocráticas da Corte e dedicou-se a criação de gado. Senhor de Itapuã e das terras adjacentes, em 1559, onde fundou a Casa da Torre, era casado com Catarina Roiz e de cujo consórcio teria nascido João Homem, amasiou-se em 1553 com uma índia a quem deu o nome cristão de Francisca Rodrigues e de cujo casamento nasceu Isabel D’Ávila. Esta casou-se em Gil Vicente de Vasconcelos e depois Diogo Dias com quem teve um filho varão Francisco Dias D’Ávila. Com as mortes de Diogo e Isabel no final do século XVI, e estando Garcia D’Ávila muito velho (faleceu em 1610, com mais de 90 anos), coube ao procurador da Casa da Torre, Manoel Pereira Gago, administrar os bens desta casa e educar Francisco.

Manoel Pereira Gago levou a missão determinada por Garcia D’Ávila tão a rigor que casou sua filha Maria Pereira com Francisco Dias D’Avila, de cujo casamento nasceu Garcia D’Ávila, o segundo. São esses descendentes de Garcia D’Ávila, o primeiro, e outros homens de armas que vão desbravar os sertões.

Numa relação entre Tomé de Souza e os D’Avilas com a história de Serrinha percebe-se que são os descendentes de Garcia D’Avila, sobretudo a partir de Francisco Dias D’Avila e de Garcia D’Avila, o segundo, que irão desbravar ossertões incluindo as atuais terras do município de Serrinha. Essas terras cortadas pelas estradas das boiadas vão aparecer em citações datadas de 1654, com o nome original de Cittio[10] Serrinha. Ou seja, 105 anos após a chegada de Tomé de Souza na Bahia e fundação da cidade do Salvador. Trata-se, portanto, de sítio histórico territorial identificado dos mais antigos do Brasil.

Em 1654, o capitão Luiz da Silva iniciou relações com os índios das aldeias do Itapicuru. Este, juntamente com os bandeirantes baianos Elias Adorno e Pedro Gomes foram povoadores dos sertões. Em 1669, o capitão Fernão Carrilho foi destroçar os mocambos de Jeremoabo com as companhias de armas da Casa da Torre e o caminho que seguiu foi do litoral rumo ao sertão. Com essa nova rota, ligou as populações de Jacobina, Itapicuru, Rio Real e Itabaiana ao São Francisco, constituindo-se na primeira estrada para o Piauí, na condução do gado.

Em 1752, o movimento colonizador dirigiu-se com maior intensidade para Jacobina onde localizava-se o capitão Antonio Ribeiro Sardinha e outros sitiantes. Entre esses, achava-se Domingos Alves Moreira, no sertão do Tijuco, no rio do Peixe, desde a lagoa do Rufino no riacho dos Tocós e para o poente até a serra dos três irmãos, a encontrar a estrada real do Pindá que vem do Piauí.

Já no final do século XVIII, as terras da Bahia haviam sido percorridas em todos os quadrantes, como afirma (Franco apud Araújo, 1926, p. 7):

Uma dessas estradas, aberta por Garcia D’Avila e outros, grandes criadores de gado no Alto Sertão, entre os anos de 1654 e 1698, para a condução de suas boiadas, e retificada e melhorada pelo coronel Pedro Barbosa Leal, em 1720, quando fundou a Vila de Santo Antonio de Jacobina, cortava o Sertão dos Tocós, também chamado do Pindá onde ficava o arraiá de Água Fria, e as fazendas do Saco do Moura, Serrinha, Tambuatá, Massaranduba, Pindá, Coité etc. Em Serrinha, tomava as direitas pela fazenda Razo, hoje Vila Aracy, para Geremoabo e Pontal no Rio São Francisco, e no tanque do Papagaio, adiante de Coité (Cuyate – no original), tomava a direita para Tiúba, ou Itiúba, como se diz hoje, o Joazeiro, no Rio São Francisco, e as esquerdas para Jacobina.

A direção das estradas que ligavam pontos de valor econômico seguia a dos vales dos rios importantes, onde prosperavam a criação do gado, a lavoura de cereais, fumo e cana. Segundo a descrição de Felisbello Freire, em sua História Territorial do Brasil, uma que saía da capital para o Norte, “passava na Feira Velha, Pojuca, ladeando o rio do mesmo nome: o rio Catú, zona esta bastante povoada e de lavoura de cereais, fumo e cana; Bordejando a Matta de São João, chegava a Santo Antonio da Alagoinhas, com alguns moradores. Neste lugar a estrada entroncava com a que segue para Pernambuco. Chegava a Arammarys, lugar de rancho; ao rio da Prata, donde seguia outra estrada para Subauma; passava o rio Camarigipe e seguia para Água Fria, onde a estrada toma a direção sudoeste, ficando à direita Água Fria, tomando depois a mesma direção até a Serrinha, lugar de muitos moradores e onde havia excelente rancho de algumas fazendas de gado, Dahi chegava a Tambuatá[11], lugar habitado e de criação de gado, ao tanque de Coité, ao rio do Peixe, seguindo o vale do Palmeirinha, até Sapucaia onde estava o registro das estradas e dali a vila de Jacobina.”

Com vistas a esclarecer a história de Serrinha Pautada em documentos, o historiador Pedro Calmon assim analisou a rivalidade entre as duas casas. Em A Casa Rival, sub-título da página 79 História da Casa da Torre, anota que “o sargento-mor Antonio Guedes de Brito, porém, apesar da vigilância do padre Antonio Pereira, socara naquele maciço tronco a cunha de uma sesmaria. De repente, quando a Casa da Torre se apercebeu da invasão, o magnate não somente tinha o seu domínio titulado, como nele estendera oito currais. O instituto de defesa dos fidalgos de Tatuaparaacalorou-lhe os protestos, que se revestiam de várias formas: a mais convincente, a violência”.

Anota Pedro Calmon que os Guedes de Brito eram muito poderosos na Bahia, como pode ser verificado no documento tecnocrito, “Seu avô, o notário Antonio Guedes, lançara em notas o testamento do primeiro Garcia D’Avila. Legou o cartório, e a ambição de riqueza, a dois filhos afortunados: Lourenço de Brito Correia, provedor-mor da Fazenda, governador interino na Bahia e no Rio de Janeiro, e Antonio de Brito Correia, ambos combatentes famosos da guerra holandesa. Os serviços de Antonio 2º asseguraram ao neto do tabelião, Antonio 3º, uma situação privilegiada nas milícias coloniais. Sargento-mor em 1667, mestre-de-campo em 1671, o maior posto a que poderia aspirar. Exerceu-o, como juiz ordinário mais velho, em 1675, no triunvirato a espera do governador-geral. Fez enorme fortuna. Foi senão, a mais vasta, pelo menos a mais falada do Brasil: porque, sem sucessores masculinos, passou à filha, Isabel Maria, e à neta, D. Joana Guedes de Brito, requestadas por isso, discutidas, celebrizadas, como as mais ricas herdeiras da América portuguesa.”[12]

O mais antigo documento de alienação das terras dos Tocós data de 1716. Trata-se de uma escritura pública de venda que Dona Isabel Maria Guedes de Brito passou em Salvador, em 31 de maio, ao capitão Antonio de Affonseca Correia, morador nos campos dos Termos da Vila de Cachoeira, dos sítios Massaranduba, Serra Grande e dois Irmãos, herança do seu falecido pai, Antonio Guedes de Brito, por 1:500$000.

A divisa desses sítios era a seguinte: começava onde fazia meio certo a estrada Massaranduba, onde estavamas casas do capitão João Alves Filgueiras, para o Tambuatá, onde morava Bernardo da Silva, e daí, com o pião, corria rumo direito para a parte do nascente até chegar ao Morrinho, que está entre o Saco Grande, a Fazenda da Serra e Serrinha, e dele abaixo, com todas as voltas e enseadas até as capoeiras que fizeram no Rio Salgado: embaixo, nas capoeiras, cinquenta braças abaixo delas, seguia para a parte do Norte, buscando as caatingas até endireitar ou emparelhar com a casa do Sítio dois Irmãos, e daí seguia para diante com o mesmo rumo até se encher da meia légua e nesta forma se dividia então por esta parte, ficando bem com o Sítio do Salgado, aonde morava Gaspar Pinto, para se medirem e demarcarem pelas partes do poente. Tornava ao primeiro pião da estrada, que estava entre o Tambuatá e Massaranduba e dele corria rumo direito para a parte do poente até ficarem de dentro para a parte da Massaranduba.[13]

A essa época, portanto, existiam várias referências sobre Serrinha como local de pastagens, sede de fazenda e rancho de moradores. Em nenhuma delas, porém, há citações sobre os nomes dos seus primeiros moradores. Antonil em seu livro Cultura e Opulência do Brasil, 1711, também fala em Serrinha ao descrever como era a estrada da Bahia para o Norte.

Passava na Feira Velha, Pojuca, ladeando o rio do mesmo nome; pelo rio Catú, estrada que entroncava com a que seguia para Pernambuco; chegava a Aramari, lugar de rancho; ao riacho da Prata, donde seguia outra estrada para Subauna; passava o riacho Camarigepe e seguia para Água Fria, tomando depois a mesma direção até Serrinha, lugar de excelentes moradores e onde havia excelente rancho e algumas fazendas de criação de gado. Daí chegava a Tambuatá, seguindo o vale do Palmeirinha.

Na escritura pública passada pelo tabelião Manoel Affonso da Costa, da compra do Sítio Serrinha por Bernardo da Silva, registra que ele já morava com a família nas terras dos Sertões dos Tocós. Residiam na Fazenda Tambuatá como administradores dos bens dos descendentes de Antonio Guedes de Brito.

Em 1723, passados 25 anos como administrador dessas terras, Bernardo comprou à Dona Joana Guedes de Brito e ao seu marido D. João de Mascarenhas as terras dos Sertões dos Tocós, por 2.200$000, e nelas um sítio chamado Serrinha e onde veio morar com sua família.

Bernardo da Silva e família mudaram-se para o sítio Serrinha provavelmente logo após a compra das terras, onde construíram casas e uma capela em louvor a Senhora Santana, e deram uma nova vida a localidade. Quando morreu em 27 de setembro de 1750, as terras foram divididas entre os seus descendentes.

Em dezembro de 1763, a viúva de Bernardo, Josefa Maria do Sacramento foi testemunha da venda ao seu filho, capitão Apolinário da Silva, das partes que tinham na Fazenda Saco do Moura os outros herdeiros:

... de fato, nesse ano de 1763 e dia 24 do mês de dezembro, no Sítio de Senhora Santana de Serrinha, termo da Vila de São João Batista, e casa de morada da senhora Josefa Maria do Sacramento, viúva do defunto Bernardo da Silva, o reverendo padre Prudente da Silva e Fructuoso de Oliveira Maya e sua mulher Bernarda Maria, e Maria da Purificação, por escritura pública passada por Manoel Jorge Coimbra, tabelião da Vila de Água Fria, venderam a seu irmão e cunhado, o capitão Apolinário da Silva, as partes que tinham no Saco do Moura, no valor parcial de 171$428 e total de 685$712, que lhe tocaram no inventário feito no juízo de Água Fria.[14]

Do casamento de Bernardo da Silva com Josefa Maria do Sacramento as provas que existem estão firmadas numa escritura pública passada em Água Fria. O casal teve dez filhos, a saber: Prudente, Apolinário, José, Inácio Manoel, Bernarda Maria, Maria da Purificação e quatro mulheres que não se sabem os nomes, e que se casaram com Antonio Carneiro da Silva, da Fazenda São Bartolomeu; Inácio Manoel da Mota, da Fazenda Tambuatá; Domingos Ferreira Santiago, da Fazenda Serra Grande; e Miguel Afonso Ribeiro, da Fazenda Sítio.

Bernardo e família tiveram o mérito de transformar Serrinha no povoado mais importante da região. Apesar disso, a sua origem ainda não foi devidamente esclarecida por falta de documentos sobre a presença de portugueses e seus descendentes desbravadores arrendatários dos sertões. O mais provável é que teria sido filho ou neto do tabelião Sebastião da Silva[15], o qual atuou na capital entre 1612 e 1635 Lima outra informação versa que Bernardo da Silva seria português de Oliveira de Azeméis, o qual teria abandonado a Europa em meados do século XVII, em busca de uma vida melhor e riqueza nas terras do Novo Mundo. No trabalho genealógico sobre as famílias baianas, realizada pelo Frei Jaboatão, não constam anotações sobre Bernardo da Silva no índice das famílias Silva: O que existe de documental é uma escritura pública de venda, já citada anteriormente, do Sítio Serrinha a Bernardo da Silva (por 2.200$000) passada em 06 de setembro de 1723, na cidade de Salvador, Bahia, pelo tabelião Manoel Affonseca da Costa, este documento encontra-se arquivado na Biblioteca do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, em Salvador, no seu original.

Vale ressaltar que Serrinha, numa análise histórica, além do que já foi exposto, também traz as seguintes informações.

Em 1º de junho de 1838, a Lei nº 67 criou o Distrito de Paz de Serrinha, e levou a capela à categoria, com paróquia própria, pelo Arcebispo D. Romulado Antonio Seixas. Em 24 de outubro de 1763 foi nomeado capelão o Pe. Antônio Manuel de Oliveira. 

A Igreja Matriz de Serrinha foi concluída em 1780 e possui uma inscrição de mármore no frontefício com os seguintes dizeres: “Louvado seja o Santíssimo Sacramento e a imaculada conceição da Virgem Nossa Senhora concebida sem pecado original”. Presume-se que o ano de 1646 tenha sido o início da catequese dos índios Biritingas que dominavam a região.

Pela Lei Provincial nº 1.069 de 13 de junho de 1876, foi o Arraial de Serrinha elevado à categoria de Vila e criado o Município de Serrinha, com território desmembrado do município de Purificação dos Campos, sendo inaugurado a 11 de janeiro de 1877. A Vila de Serrinha recebeu foros de “cidade” pelo Ato estadual de 30 de junho de 1891, assinado pelo Barão de Lucena, fato que constou da data de 4 de junho de 1891 do Conselho Municipal de Serrinha. A instalação solene da cidade ocorreu em 30 de agosto de 1891 segundo consta da Ata do Conselho municipal de Serrinha do referido dia.

O percurso da historiografia serrinhense permite caracterizá-la num contexto não apenas local, mas numa visão regional no qual, percebe-se elementos externos e internos na constituição de sua história, que apresenta fatores políticos, econômicos e socioculturais. Sendo assim, há uma variedade de olhares acerca do estudo sobre a formação de uma cidade durante o período colonial, desta forma a mesma não foge aos traços significativos do modo da colonização portuguesa. Nesta acepção adota-se a assertiva de Neves, pois segundo este:

A história regional e local constitui-se, portanto, numa proposta de investigação das atividades cotidianas de comunidades conectadas historicamente num território, conscientes do pertencimento ou ele, integradas, portanto, em afinidades territoriais, com sanguíneas, políticas, culturais e econômicas, com a identificação das suas interações internas e articulações exteriores, na perspectiva da totalidade histórica, como meio de se alcançar o conhecimento de viveres e saberes em dimensões inatingíveis por outras abordagens sistêmicas ou de abrangências espaciais mais amplas. (NEVES, 2002, p. 45).

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, Durval Muniz de. A Invenção do Nordeste e Outras Artes. São Paulo: Cortez, 1999.

FRANCO, Tasso Paes. Serrinha, a colonização portuguesa numa cidade doSertão da Bahia.Coleção: História da Bahia. 2 ed. Salvador: Ojuobá, 2008.

_________. Serrinha: Colonização portuguesa numa cidade do Sertão da Bahia. Salvador: EGBA / Assembléia Legislativa do Estado, 1996. 386 p.

_________. Serrinha: Histórias &estórias. Edições Serrinhense, 1972.

GONÇALVES, Aline Najara da Silva. Entre o popular e a historiografia, umaimagem controversa: O caso Luiza Mahin. Disponível em: <http://www.ava4.uneb.br//file.php/117/Entre_o_popular_e_a_Historiografia.pdf.>. Acesso em: 08 nov. 2011.

MEINKING, Maria da Glória Valverde. Minhas Lembranças de Serrinha.Salvador: Marchete, 2001. 112 p.

NEVES, Margarida de Sousa. Lugares da Memória na PUC – RJ. Disponível em: <http://www.ccpg.puc-rio.br/memoriapos/index.htm>. Acesso em: 06 nov. 2011.

OLIVEIRA, Ana Maria Carvalho dos Santos. História e Região. Salvador: UNEB/EAD, 2010. 52 p.

OLIVEIRA, Antonio José de. Principais raízes do nosso povo: O indígena, o africano e o português. Serrinha – Bahia, 2004.

2 comentários:

  1. Olá Luana, tudo bom?

    Meu nome é Gabriel Araujo Carneiro Junior. Simplesmente fantástico este trabalho com documentos antigos de Coité! Consegui montar boa parte da minha árvore genealógica com as informações de casamentos, batismos etc. Agora eu gostaria de buscar informações da minha família por parte de mãe aqui de Feira de Santana. Por onde eu devo começar pra ter acesso à estas informações aqui em minha cidade? Cartório de Registro, Biblioteca Municipal? Um forte abraço e Deus te abençoe!

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  2. Olá Luana,

    Pode me dizer onde encontrou esse artigo?

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