Esse blog é sobre a história da minha família, o meu objetivo é desvendar as origens dela através de um levantamento sistemático dos meus antepassados, locais onde nasceram e viveram e seus relacionamentos inter-familiares. Até agora sei que pertenço as seguintes famílias (nomes que por vezes são escritos de forma diferente): Ramos, Oliveira, Gordiano, Cedraz, Cunha, Carvalho, Araújo, Nunes, Almeida, Gonçalves, Senna, Sena, Sousa, Pinto, Silva, Carneiro, Ferreira, Santos, Lima, Correia, Mascarenhas, Pereira, Rodrigues, Calixto, Maya, Motta…


Alguns sobrenomes religiosos que foram usados por algumas das mulheres da minha família: Jesus, Espirito-Santo...


Caso alguém tenha alguma informação, fotos, documentos antigos relacionado a família é só entrar em contato comigo.


Além desse blog também montei uma árvore genealógica, mas essa só pode ser vista por pessoas que façam parte dela. Se você faz, e gostaria de ter acesso a ela, entre em contato comigo.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

HISTÓRIA DE ARACI

A Fundação

As terras do antigo Raso tiveram origem a partir das terras desmembradas da Casa da Ponte, morgado dos Guedes de Brito. Antes da cidade de Araci ser povoada por José Ferreira de Carvalho, em 1812, aqui já era caminho das boiadas que iam em direção a Jacobina e Piauí.
A região hoje conhecida como do Sisal era antigamente identificada como o Sertão dos Tocós ou Pindá, denominada assim pelos Bandeirantes que a exploraram e aqui encontraram tribos indígenas, as quais foram aos poucos sendo dizimadas. Essas tribos eram os Tapuias, Cariris, Tocós e Beritingas.
José Ferreira de Carvalho comprou através do Procurador da Casa da Ponte, Paulo Rabelo, 20 léguas de terras quadradas. Até então, aquelas terras eram pura caatinga, com diversos animais bravos e possivelmente já se estabeleciam por aqui alguns vaqueiros remanescentes do trânsito das boiadas.
O fundador de Araci, antes de ocupar as terras recém adquiridas, morava na Fazenda Serra Grande, no Município de Serrinha. Era filho de Manoel Ferreira Santiago e Maria da Conceição. Nasceu no ano de 1783, e era casado com Maria do Rosário do Espírito Santo. Deste casamento, teve os seguintes filhos: Severo Fabiano de Carvalho, Ludovico Antunes de Carvalho, Rita Constantina de Oliveira, Antônia Francisca do Espírito Santo, Ângelo Fabiano de Carvalho, Francisca Rosa de Lima, Maria Fidélis de Lima , Carlota Ferreira de Lima e Antônio Martins Ferreira.
Faleceu no ano de 1866. Seu corpo, assim como o de sua esposa e filhos foram sepultados dentro da Igreja Matriz, hoje demolida, dando lugar ao atual jardim da praça e fonte luminosa. Grande parte da população araciense descende do seu fundador.
Antiga Igreja Matriz. Anos 50

Construção da Igreja Matriz

Depois de algum tempo já estabelecido nas terras do Raso, José Ferreira de Carvalho, seus filhos e escravos iniciaram a construção de uma Igreja. Essa construção teve a contribuição do Mestre de Obras João Mendengue, vindo de Simão Dias, em Sergipe.
Nesta época, na Fazenda Raso, já existiam algumas poucas casas e já começava a ganhar um aspecto de arraial. A construção da primeira Igreja de Araci foi concluída em 1859 e inaugurada no dia 08 de dezembro do mesmo ano, com missa celebrada pelo Pe. Antônio da Rocha Viana, vigário de Tucano, que ficou responsável também pela nova Capela.
Após a construção da Igreja, utilizando-se ainda dos erviços do mesmo mestre de obras, foi edificado o cemitério da matriz, localizado no inicio do caminho para a Serra do Bonfim, hoje bairro do Município. Existente ainda hoje, é a única obra da época do Fundador e se constitui num patrimônio histórico da cidade que deve ser preservado, pois muitos dos nossos antepassados estão sepultados lá.
Praça da Conceição, 1926


Criação do Distrito do Raso

Com o desenvolvimento e crescimento da localidade, e após a construção da Capela, no ano de 1861 foi criado o Distrito do Raso, que ficaria ligado politico e religiosamente ao Município de Tucano. Com a nova condição, o pequeno arraial passou a ter subdelegado, o qual foi nomeado José Thomé Ferreira.

Documento de criação do Distrito do Raso. 1861

Criação da Freguesia do Raso

Em 12 de abril do ano de 1877, através da Lei Provincial 1.720, foi criada a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Raso, ficando assim ligada ao termo de Tucano. O primeiro Padre a tomar posse na recém criada Freguesia foi Urbano Cecílio Martins, filho do Professor Antônio Martins Ferreira e neto de José Ferreira de Carvalho.

Documento de criação da Freguesia do Raso. 1877

1ª Emancipação Política

Já bastante desenvolvida em suas diversas atividades econômicas, sociais e políticas, a Freguesia do Raso caminhava para sua inevitável emancipação. Em 13 de dezembro de 1890, o então Governador da Bahia José Gonçalves da Silva desmembra a Freguesia do Raso do Município de Tucano, passando-se a chamar Vila do Raso.
Um dos grandes mobilizadores pela independência do antigo Raso foi o Padre Italiano Júlio Fiorentini, que na época era o vigário local, sendo o mesmo nomeado como Intendente, juntamente com os Membros do Conselho Higino Ferreira da Mota, Francisco Aristides de Carvalho, Virgínio Eloy de Oliveira Lima, Joaquim Alves Pinheiro e José Roque de Oliveira. Era o secretário da Intendência Amerino de Oliveira Lima.
O Padre Fiorentini pouco tempo ficou no cargo de Intendente, pois fora transferido para outra Paróquia, sendo nomeado o Cel. Vicente Ferreira da Silva e posteriormente Ângelo Pastor Ferreira. Somente em 18 de dezembro de 1893 foi realizada a primeira eleição para Intendente, sendo eleito o Cel. Antônio Ferreira da Mota.

Documento de emancipação. 1890


Intendentes – Primeiras administrações:
Pe. Júlio Fiorentini  (1890-1890)
Vicente Ferreira da Silva  (1891-1892)
Angelo Pastor Ferreira  (1892-1892)
Primeiros Intendentes eleitos na Vila do Raso:
Antônio Ferreira da Mota  (1893-1896)
José Tomás Barreto  (1896-1899)
João de Moura Barreto  (1900-1903)
Intendentes a partir da mudança do nome da Vila do Raso para Araci:
Antônio de Oliveira Mota  (1904-1907)
Vicente Ferreira da Silva  (1908-1911)
Antônio Ferreira da Mota  (1912-1915)
José Roque de Oliveira  (1916-1917)
Antônio Ferreira da Mota  (1918-1920)
José Verdelino Pinheiro  (1920-1921)
Vicente Ferreira da Silva  (1921-1925)
Esmeraldo Ferreira da Silva  (1926-1930)

Pe. Júlio Fiorentini

José Verdelino Pinheiro

Ten. Antonio O. Mota

Cel. José Roque de Oliveira

Cel. Vicente Ferreira da Silva

Mudança do nome para Araci

No dia 1º de janeiro de 1904, tomou posse no cargo de Intendente da Vila do Raso o Tenente Antônio de Oliveira Mota, e no dia 21 de setembro do mesmo ano, através da Lei estadual Nº 575, teve o nome da Vila mudado para Vila de Araci. O nome tem origem indígena e foi retirado do livro Ubirajara, de José de Alencar e significa a mãe da aurora, mãe do dia. Foi nesta mesma gestão que foi construída a Casa da Câmara, que ficou depois conhecida como Prefeitura antiga, e sua inauguração oficial se deu em 1906.
Prédio da antiga Prefeitura de Araci em desenho feito por Rodolfo Pinheiro

Construção da Capela do Bonfim 
Nosso município é cercado por diversas serras e uma dessas e talvez a mais importante é a Serra de Santa Rita, hoje mais conhecida como Morro do Bonfim. Desde a chegada do Fundador, que a referida serra começou a ser desbravada, elevando-se em 1860 um cruzeiro, que a partir daí passou a ser local de peregrinação dos moradores locais, principalmente durante a Semana Santa. No final do século XIX começou a ser construída uma Capela com recursos angariados entre os cidadãos locais através de uma campanha encabeçada por Amerino de Oliveira Lima e Antônio Oliveira da Mota. No ano de 1897 a Capela foi inaugurada e dedicada ao Senhor do Bonfim. Ainda hoje é caminho e local para as vias-sacras e procissão de fogaréu durante a Quaresma.

Capela do Bonfim, construída em 1897


FONTES:
Arquivo Público da Bahia.
LIMA, Maura M. Carvalho. História de Araci,
Laboratório Eugenio Veiga – LEV – UCSAL.
Acervo do Professor Anatólio Oliveira.
Texto: Pedro Juarez Pinheiro






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