A História de como começou a imigração italiana no Brasil
O Brasil recebeu imigrantes de várias nacionalidades e apesar disso, a imigração italiana no Brasil – e o imigrante italiano – se destacou diante de todos eles. Conquistou seu espaço e criou raízes que fazem com que as comunidades italianas sejam muito ativas ainda hoje no Brasil.
E o motivo é simples. Os italianos falavam uma língua mais próxima ao português, tinham a mesma religião, costumes mais próximos aos nossos do que os alemães ou japoneses e contribuíam para o “branqueamento” da população brasileira, como era de interesse do governo para tornar o Brasil um país mais “civilizado” aos olhos do mundo e dele próprio.
Como a grande maioria dos imigrantes, os italianos deixaram a Itália para fugir da crise econômica e social pela qual muitos países europeus passavam. No caso específico da Itália, a população, principalmente a rural, tinha dificuldades para sobreviver depois de tantos anos de luta para unificação do país e o alto crescimento demográfico.
Com esse cenário ruim, a emigração era estimulada pelo governo italiano e era, para as famílias, uma forma de sobrevivência. Os Estados Unidos chegou a receber milhares de imigrantes, mas colocou barreiras para impedir a entrada de estrangeiros no país.
No Brasil, havia uma demanda crescente de mão-de-obra barata depois do fim do tráfico de escravos e da abolição da escravatura no Brasil.
Juntando esse cenário à vontade dos italianos em buscar uma melhor qualidade de vida, iniciou-se um processo de imigração subvencionada para o Brasil. Esse tipo de imigração estimulava a vinda de famílias inteiras, com passagens financiadas – a princípio por fazendeiros e mais tarde pelo próprio governo brasileiro -, e eram disponibilizados alojamentos e a garantia de trabalho no campo e nas lavouras. Com isso desembarcavam em solo brasileiro famílias inteiras de italianos.
De onde vieram os primeiros imigrantes italianos
Os primeiros imigrantes italianos chegaram ao Brasil em 1870, e de início se instalaram na região sul. Segundo o IBGE, a maioria dos imigrantes italianos veio da região do Vêneto, norte da Itália, região, na época, com grandes problemas nas zonas rurais. seguidos por italianos vindos da Campânia, Calábria e Lombardia
Apenas quatro regiões italianas não contribuíram com praticamente nenhum imigrante para o Brasil: Ligúria, Úmbria, Lácio e Sardenha.
Para onde vinham os imigrantes
Em meados do século XIX, o governo brasileiro criou as primeiras colônias, fundadas em áreas rurais como a Serra Gaúcha, Garibaldi e Bento Gonçalves (1875). Depois de alguns anos, com o aumento do número de imigrantes italianos no Brasil, o governo criou uma nova colônia italiana em Caxias do Sul.
Foram nestas regiões que os imigrantes italianos iniciaram o cultivo da uva e produção de vinhos. Hoje, estas áreas são as principais produtoras de uva do Brasil e produzem vinhos de excelente qualidade.
Outra parte dos imigrantes italianos se dirigiu para as fazendas de café de São Paulo.
Com o passar do tempo, os italianos foram se espalhando pelo Brasil, veja:
- Rio Grande do Sul: nem todas as colônias foram bem sucedidas nessa região, outras, por sua vez, deram muito certo, como no caso das colônias que deram origem às cidades de Bento Gonçalves, Garibaldi e Caxias.
- Santa Catarina: em sua grande maioria, os italianos foram direcionados para as colônias alemãs e foram discriminados e explorados.
- Paraná: as colônias próximas à capital, Curitiba, prosperaram com o trabalho na construção de ferrovias para escoar os alimentos produzidos no sul do país.
- Minas Gerais: a mão-de-obra italiana no estado foi aproveitada para realização de obras públicas ao redor da capital mineira e algumas fazendas de café do sul de Minas.
- Espírito Santo: a presença de imigrantes italianos foi grande e prospera até 1920.
A Imigração italiana no Brasil com o passar do tempo
As notícias de trabalho semi-escravo e as péssimas condições de vida nas fazendas de café no Brasil se espalharam, chegando até a Itália. Isso fez com que os italianos passassem a escolher outros destinos, como a Argentina e os Estados Unidos.
A imigração italiana no Brasil continuou até a década de 20, quando o ditador Benito Mussolini, com seu governo nacionalista, passou a controlar a emigração. Com a Segunda Guerra Mundial, a declaração de guerra entre Brasil e Itália e a contínua recuperação da economia italiana, a chegada de italianos no Brasil entrou em decadência.
O legado e a cultura dos imigrantes italianos no Brasil
Os italianos que desembarcaram nessa época no Brasil trouxeram na bagagem muitas tradições culturaisque foram incorporadas à cultura brasileira, e que até hoje se fazem presentes.
Algumas palavras do italiano foram “aportuguesadas” e, com o tempo, passaram a fazer parte do vocabulário do brasileiro, como a palavra tchau, proveniente do italiano “ciao”.
As novas técnicas agrícolas que os imigrantes trouxeram foram aplicadas nas lavouras do Brasil.
Se falarmos então da culinária, podemos perceber que a influência italiana foi muito grande e marcante, principalmente, no quesito massas (macarronada, nhoque, canelone, ravióli etc.), molhos e pizzas.
Como o catolicismo no Brasil era forte, a imigração italiana – povo também católico em sua maioria – ajudou a fortalecer ainda mais a religião no país.
Esses fatos mostram apenas um pedaço dessa história tão rica e que acabou aproximando os dois países geograficamente tão distantes, criando laços para todo sempre.
Fonte: https://www.pesquisaitaliana.com.br/imigracao-italiana-tempo/