BRASÍLIA (Reuters) - Apesar do aparente entendimento entre a base aliada do governo em torno do petista Paulo Delgado (MG), foi a oposição que saiu vitoriosa com a eleição do pefelista Aroldo Cedraz (BA) para a vaga de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), feita pela Câmara.
Cedraz obteve 172 votos contra 148 de Delgado em votação secreta do plenário da Câmara. A eleição para a vaga no TCU foi considerado o primeiro teste da coalizão governamental montada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o resultado não foi positivo.
"O movimento da base nesse caso não foi mal feito porque concentrou-se em apenas uma candidatura. O problema é que o candidato não teve a simpatia do plenário", disse o deputado Renato Casagrande (PSB-ES).
Mais cedo, 213 deputados dos partidos aliados do governo fizeram uma eleição prévia e escolheram o nome de Paulo Delgado. Essa decisão levou Osmar Serraglio (PMDB-PR) e Luiz Antonio Fleury (PTB-SP) a abrirem mão de suas candidaturas.
Embora com nome único, a base de apoio ao governo foi derrotada pela oposição que lançou três candidaturas. Além de Cedraz, Gonzaga Mota (PSDB-CE), que recebeu 50 votos, e Ademir Camilo (PDT-MG), que teve 20.
O resultado dessa disputa revela que não houve transferência de votos, pois os 213 deputados que votaram na prévia seriam suficientes para garantir a vitória de Delgado. Também serviu como sinal para a sucessão na Câmara dos Deputados, mostrando que os deputados só seguem a orientação de seus líderes de bancada se a candidatura for viável.
"Essa derrota tem o lado bom e que pode ser um recado para a eleição da mesa diretora: É fundamental ter um candidato que se identifique com o plenário", reforçou Casagrande.
O PT indicou o nome de Arlindo Chinaglia para a presidência da Câmara, nome visto com ressalvas pela própria base. Sua indicação gera temores da repetição da derrota sofrida pelo PT em 2005, quando perdeu a presidência da Casa para Severino Cavalcanti (PP-PE), apesar de ter a maior bancada.
SENADO A oposição reagiu às articulações do governo também no Senado, com o PSDB formalizando apoio à candidatura de José Agripino Maia (PFL-RN) à presidência da Casa.
"Com o apoio do PSDB, a oposição passa a ter um candidato", disse o líder do PFL no Senado, senador Agripino Maia, ele mesmo o escolhido para a disputa.
A intenção do governo é apoiar a reeleição de Renan Calheiros (PMDB-AL), que apoiou a adesão de seu partido ao governo de coalizão proposto por Lula.
Nesta quarta-feira, Renan obteve o apoio da bancada do PDT, numa sinalização de que a oposição não votará unida na disputa.
"É um apoio significativo e emblemático cm relação ao que todos desejam, que é a participação suprapartidária na Mesa", destacou Renan.
Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,AA1378106-5601,00.html